terça-feira, 1 de outubro de 2013

MTV Brasil: Anos de memória musical



Sabe a sensação de ter uma babá pela vida toda, então você vira adolescente e tem que deixar ela ir embora pra cuidar de outra criança? Não? Bem, eu também não. Ms acho que é mais ou menos isso que significa o fim da MTV Brasil.

A MTV Brasil nasceu em 1990. E eu? Ah, não importa. Mas eu conheci a MTV lá pelos anos 2000, era o auge das boy bands, a Britney era virgem, a Sandy ainda era a irmã do Júnior e não a mulher do Lucas Lima, a Beyoncé fazia parte de uma girl band, Christina Aguilera já tinha aquele vozeirão, mas não vivia o efeito sanfona e a MTV Brasil ainda tocava muuuuuita música brasileira. Enfim, eram outros tempos, era tudo lindo e eu estava saindo da infância e entrando na adolescência.

Eu amava passar a tarde assistindo MTV e gravando clipes no vídeo cassete (foram inúmeras fitas, mas tenho certeza qe havia clipes repetidos), eu votava no Disk, tinha os meu VJ's favoritos e sonhava em cursar comunicação pra ser VJ da MTV. Duvido alguém que tenha nascido entre 85 e 92 tenha assistido muita MTV e nunca tenha pensado em ser VJ. É meio como o sonho de ser paquita da Xuxa. Não fui paquita e não fui VJ.

E ontem, depois de quase 23 anos no ar a MTV Brasil apagou as suas luzes. A MTV abriu com Marina Lima, que lá em 1990 era só Marina, cantando Garota de Ipanema, clipe anunciado pela Astrid Fontenelle e fechou com o clipe do Chico Science e Nação Zumbi apresentado pela Cuca Lazarotto, depois a Astrid veio pra fechar. E então a tela da minha tv ficou preta, e foi triste, a MTV sempre foi um canal alegre, que sempre recebeu tão bem o que parecia 'esquisito'. Mas muita ente boa saiu de lá, a rede globo que o diga.

Há anos eu já não era mais telespectadora assídua, a MTV que eu amei já não era mais a mesma, a música já não era mais a mesma, mas agradeço a MTV Brasil por ter formado o meu gosto musical de certa forma, me lembro de ver pela primeira vez um clipe do Lenine e pensar "Caralho esse cara é foda", sou fã do Lenine até hoje. Descobri muito cantor(a) nacional e internacional, gente que eu ouvia por influência do canal e não por influência dos amigos. Los Hermanos, Cassia Eller, Nando Reis, O Rappa, Lenine, Alicia Keys, Joss Stone, pra ver os clipes dessa galera toda eu tinha que esperar passar na MTV e gravar na minha fita VHS pra assistir de novo quando tivesse vontade, eu não tinha internet em casa pra ficar entrando no youtube quando quisesse.

A MTV Brasil era inovadora, botava mesmo o dedo na ferida, foi a primeira emissora de tv brasileira e transmitir um beijo gay, falava de sexo sem parecer tabu, errava na cara do telespectador, os VJ's falavam palavrão no ar e era normal, afinal, era uma emissora jovem, feita pra jovem. E talvez fosse a única para qual um artista realmente abria a casa sem pudores. Ah, que saudades do Família MTV com a Pitty. Não tinha preconceito musical, basta olhar no histórico dos Acústico e Ao Vivo MTV já lançados.

Dizem que vem aí uma Nova MTV, sem o Brasil do lado, mas não faço questão de conhecer essa. Se a MTV Brasil, já não era mais a minha cara há anos, imagina essa nova. A MTV Brasil foi tão foda que todo mundo veio se despedir, VJ's que eu nem lembrava que existiam e VJ's que eu vou amar pra sempre. A última transmissão Ao Vivo teve show de um monte de gente e aquela cara de festa de final de ano da firma. Vou sentir falta das vinhetas non-sense e dos vídeos de comemoração de aniversário do canal. Valeu, MTV Brasil, foi bom enquanto durou, foi do caralho. Adeus.